domingo, abril 09, 2006

Professores em blogs: identidades em fluxo

O corpo de alguns docentes, escamoteado, esquecido por muito tempo pelas teorias educacionais, encontra, nos blogs, espaços e formas de expressão, onde pode construir uma outra forma de identidade.
Mas será que este corpo permanece fechado em um aparato técnico?
Como a blogosfera é uma esfera que se relacionam com tantas outras (no ciberespaço e fora dele) em forma de rede, retro-alimenta uma identidade mutante.
Mas será que essa identidade é a mesma que se mantém no contexto educativo do professor? Será que o contexto educativo também é mutante? Será que a escola vê o blog como um espaço educativo?
A identidade do sujeito é intimamente relacionada à reflexão desenvolvida por este sujeito em seu blog. Ali, junto de suas reflexões, vai se dizendo, se mostrando, de acordo com um quadro de valores que, através do movimento da escrita, (re)pensa sobre seu lugar social, sobre quem é e o que faz, os lugares que transita.
Porém o ‘corpo’ ali apresentado aparece sob a descrição que o sujeito quer dar a si (em um movimento intencional ou não), como uma espécie de performatização.
Esta identidade também é mutante, a medida que se refaz nas interações com outros sujeitos e realidades possibilitadas pela realidade digital da blogosfera.
Ao mesmo tempo em que é uma potencialização do corpo é uma desnaturalização, é o sujeito fora de seu corpo, apresentando-se com a roupagem de suas palavras em uma interface gráfica digital. Estigmas e marcas do corpo deste sujeito (corpo que aprende com o sujeito e se forma junto dele) podem ser apagadas a medida em que não se fala delas. Pode-se dar mais valor a certas características (corpóreas, intelectuais...) que um olhar rápido ao sujeito não veria.
É com essa imagem construída que o sujeito se relaciona.
O blog também é um objeto de memória, o que propicia que a imagem do sujeito possa ser revisitada pelo olhar do outro que não fez parte da história desta construção.
Porém, essa construção não é totalmente intencional: ela muitas vezes foge ao controle do sujeito que se constrói. Isso por que o sujeito não se constrói sozinho, e sim na/da relação com os outros, com os espaços, com os fatos. Quando a imagem construída não é mais agradável ao sujeito, ele pode “trocar de roupa”, extinguindo um blog (ou não) e começando a montar outra imagem em outro blog, desta vez nu e agregando a si novas roupagens.
Este movimento, fluxo, agiliza as passagens os intercâmbios, as reflexões deste sujeito que aparece em uma esfera do ciberespaço, relacionado a muitos outros, para se fazer um sujeito em construção preocupado com sua prática pedagógica, colocando esta, por sua vez, também em uma constante reconstrução.

3 comentários:

Miguel Pinto disse...

Gostei muito da sua meta-análise blogoEsférica, Adriane.

Miguel Pinto disse...

Adriane
Levei este seu texto para o Aragem [http://outroarcanjo.blogspot.com/].

Anônimo disse...

Very cool design! Useful information. Go on! » »