terça-feira, dezembro 28, 2010
espaços para criação e disponibilização de livros digitais
Um dia desses, um colega professor de Química, relatou-me o seu desejo de que seus alunos produzissem objetos de aprendizagem. Acho que não é o caso de padrões como Rived, Cesta ou Labvirt. Deveria ser uma coisa leve de ser feita, pois se tratavam de alunos que se aproximavam das tecnologias.
Histórias em quadrinhos nos pareceram boas alternativas, pois atingiam o objetivo (apropriação dos conteúdos), dentro das possibilidades, de uma forma que os cursistas (professores em formação inicial) também pudessem utilizar com seus alunos.
Mas ainda não estávamos confortáveis com o resultado. Depois de muito bater a cachola, optamos por trabalhar com os desenhos sim (digitais, feitos diretamente no computador, ou mesmo aqueles coloridos no papel e fotografados...), mas agrupados em videozinhos, utilizando o software livre OpenShot, um editor não linear que permite criar, com extrema facilidade, vídeos agregando fotos, áudios e pequenos vídeos, sendo que trabalha com a maior parte dos formatos e extensões. [em outra hora conto no que deu isso...]
E a história em quadrinhos, se perdeu? não...
Aí é que entra a ajudinha de alguns colegas da blogosfera. Em outro dia, a professora Marcilene explicitou uma dúvida que me mostrou algumas luzes para esta questão. A professora de Biologia da escola estava fazendo um catálogo de plantas e procurava um lugar para produzir e publicar um livro digital, de preferência agregado a um blog.
Eureca! a história em quadrinhos poderia virar livro!
será que dá certo?
bom, tomo a liberdade de sistematizar aqui as sugestões que os colegas blogueiros repassaram. Desde já agradeço a todos que contribuiram!
Estou experienciando um e outro e prometo trazer aqui o que tenho encontrado.
Wobook: http://www.wobook.com
A professora Fátima produziu alguns livros com alunos e professores de Língua Portuguesa: http://blogdopar.blogspot.com
Bookess. http://www.bookess.com/
Tikatok - http://beta.tikatok.net/
Ao realizar o cadastro gratuito no Tikatoki podemos apenas ler as histórias disponíveis no portal ou escrever nossas próprias histórias, armazenar ilustrações, utilizar as ilustrações oferecidas pelo site e publicar os trabalhos. Também é possível convidar e adicionar amigos ao nosso perfil, como num site de relacionamentos, sendo possível formar clubes (comunidades) de acordo com preferências e assuntos de interesse.
Zooburst - http://www.zooburst.com/
ZooBurst é uma ferramenta de narrativa digital que permite a qualquer pessoa criar facilmente seus próprios ou seus 3D pop-up livros.
Storyjumper - http://www.storyjumper.com/ - é um recurso para crianças elaborarem seus próprios livros. Com ele é possível a criar a capa, adicionar o texto, ilustrar a história usando desenhos e imagens feitas por elas ou as do clipart disponível na ferramenta. Depois de cadastrada, a criança deve escolher o tema de sua história - que, no final das contas, pouco vai importar porque é possível modificar todo ele! - e a partir do esboço do livro, se edita os textos, as imagens, tipos e cores das letras. Depois de prontos, é possível solicitar a impressão dos livros.
Storybird - http://storybird.com/ - possibilita a criação de histórias digitais. É possível ler as histórias publicadas. É um recurso super simples, basta fazer um cadastro e começar a criar. Há muitos temas disponíveis e uma imagem mais linda que a outra.
Issuu.com
O site Issuu.com permite criar livros/revistas virtuais a partir de qualquer documento em PDF (limitado em 100 MB/500 páginas)de forma rápida e intuitiva.
O http://www.ck12.org/flexr/ trabalha com a noção de Flex book, isso é, a
criação de livros flexíveis, permitindo que sejam agregados novos capítulos
posteriormente, ou que os interessados reúnam numa nova versão somente as
partes que vão atender ao seu grupo naquele projeto especificamente.
Isso demanda que quem constrói seu livro lá esteja disposto a adotar uma
licença que permita o compartilhamento e, de preferência, a reutilização
e/ou remixagem.
O Connexions http://cnx.org/ propõe um processo de produção de módulos de
conteúdo, a serem agregados posteriormente ou reagrupados de acordo com
outras lógicas de uso de cada curso.
Estes últimos me pareceram especialmente interessantes, pela proposta de licenças que permitem a remixagem e a reconstrução dos produtos.
Vou experimentar um pouquinho e prometo trazer novos passos destas inquietações!
sexta-feira, dezembro 10, 2010
a palavra é o domínio sobre o mundo
Na verdade eu já havia visto esta frase em outras vezes, mas, como nosso olhar é construído pelas nossas vivências, hoje me chamou mais a atenção.
Minha liberdade é escrever. A palavra é o meu domínio sobre o mundo ~ Clarice Lispector
Seria correto, então, afirmar que nossa atuação no mundo depende das coisas que conhecemos?
Me parece que não é uma relação linear entre número de coisas que "dominamos" ou que conhecemos e nosso poder sobre o mundo. Apesar disso, também me parece verdadeira a relação de que quanto menos eu sei, mais fácil será para outros sujeitos me dominarem.
Ao mesmo tempo, venho argumentando que a construção de conteúdos digitais, pela forma com que os sujeitos se aproximam das situações e dos conceitos, contribuem para a promoção dos conhecimentos dos sujeitos. A busca pelos conceitos científicos, o conhecimento da situação e a familiaridade com as tecnologias seriam condições necessárias que o sujeito fosse se aproximando ao construir seus conteúdos digitais. E daí minha inquietação: seria correto afirmar que, se os sujeitos tem acesso livre à informação e aos meios de produção, tendo a possibilidade de escrever e editar (criar informações novas), eles teriam maior domínio sobre o mundo?
Não concordo de todo com isso (mas em algumas partes sim), mas gostaria de ver o que os leitores pensam...
quarta-feira, dezembro 01, 2010
ética em pesquisa é tema de evento
Mini Curso "Ética em Pesquisa Humanas e Saúde"
http://www.fapesb.ba.gov.br/?event=30
Dias 06 e 07 de dezembro de 2010.08.00 – 12h 14h-18h
Auditório do CRH, Campus São Lázaro UFBA
Inscrições Gratuitas no Local
Informações Tel. 71 3283.6446
Realização PPG Ciências Sociais UFBA
Apoio CRH SESAB Editora UFBA
sexta-feira, novembro 19, 2010
professor hacker?
Hacker, para muitos, é um sujeito nerd que se isola do mundo em frente de um computador, estudando formas de invadir sistemas, roubar senhas, fazer ações ilícitas na internet...
Mas, na verdade, o hacker é aquele que se envolve apaixonadamente com algum tema, se interessa, busca conhecer. Para isso, ter acesso às informações e aos códigos passa a ser um pré-requisito. Construir novos conhecimentos ou produtos relacionados ao tema passa a ser uma consequência deste envolvimento apaixonado.
Isso vale não apenas para softwares... (embora neste caso tenhamos bons exemplos!)
Pensando assim, será que podemos considerar o professor como um hacker?
sexta-feira, outubro 29, 2010
Um jeito hacker de ser
No último 25/10, no Jornal ATarde, foi publicada a matéria de Nelson Pretto, que fala um pouco deste "um jeito hacker de ser".
NP, como não poderia deixar de ser, enfatiza que, ao contrário de um nerd que "invade os computadores para roubar senhas, dinheiro ou realizar operações fraudulentas", os hackers contribuem para uma cultura da "socialização dos bens culturais e científicos a partir do livre acesso ao conhecimento". Ressalta que, apesar dos esforços notados no Brasil para a disseminação de uma internet de qualidade e acessível para todos e de programas de incentivo ao acesso aos computadores, deve-se ir além, "porque não podemos pensar na utilização dessas redes simplesmente com o objetivo de transformar cada cidadão em apenas mais um mero consumidor, seja de produtos ou de informações".
Para além do mero consumo irrefletido, demonstra o desejo de formação de "uma nova cultura que se estabelece a partir da forma de trabalhar dessa turma [os hackers], tendo a paixão, o trabalho solidário e colaborativo como elementos socialmente necessários para a construção de um mundo sustentável".
Ao exemplo de grupos de hackers que trabalham coletivamente no desenvolvimento de bens comuns, como é o caso do movimento software livre, pode-se reafirmar a ideia do "rossio não rival"*, pois, ao contrário de bens materiais que se exaurem ao consumo, o conhecimento é tanto mais estimulado quanto mais divulgado, trocado, reapropriado, reconstruído, significado e sentido, em vias de mão dupla na rede.**.
Assim, ética hacker não é papo daqules péssimos informatas que roubam senhas, mas é uma postura frente à sociedade e seus processos, "constitui-se uma atitude política de inserção social nessa rede".
Você pode ler o artigo completo aqui ou baixar o pdf
*Ver texto com mesmo nome no livro Além das redes
** quanto a isto não posso deixar de fazer um link com um livro que li a pouco tempo, O culto do amador, de Andrew Keen, que faz ferrenhas críticas à inserção dos sujeitos, com a web2.0, no contexto de produção de conteúdos (blogs, vídeos, podcasts...). Segundo ele, isto só fez com que se perdesse tempo nas buscas na web, para distinguir o que era "verdade" e produto informacional e cultural "válido", do que era futilidade, frívolo e "sem autoria", pois, para ele, quem garante que quem está escrevendo é o verdadeiro autor ou um macaco, ou ainda um bando de pinguins? (!!!) Enfim, este autor, que foi uma febre de vendas desde o último ano, não consegue enxergar toda a potencialidade deste jeito de ser que NP desenvolve no texto que trago acima, deste conjunto de valores defendidos pelo movimento ativista da ética hacker... mas para comentar melhor isso, devo publicar novos posts, pois são muitas as alfinetadas que o autor traz para comentar em aglumas poucas linhas...
quinta-feira, outubro 28, 2010
Desafios na formação dos professores
- o sentido sóciocultural dos conhecimentos - muitas vezes os professores não sabem qual o sentido social do que ensinam (para que o aluno deveria estudar determinado tema). Alguns professores acham até inútil o que ensinam...
- perfil professor - os licenciandos , pelo seu pouco contato com a atividade docente, não tem uma identidade docente formada ao concluir o curso
- formadores de formadores - qual é a formação e experiência da docência dos profissionais que trabalham na formação de professores? Alguns tem formação em educação, mas nunca entraram em uma sala de aula. Outros sequer tem formação em educação, o que acontece muito nas "áreas duras", onde prevalece uma concepção de que, para atuar nas disciplinas "pedagógicas", qualquer licenciado tem condições, mesmo que com doutorado em Botânica ou qualquer outra área, às vezes prevalecendo aos de menor titulação mas com formação mais próxima da educação
- áreas de conteúdo - o conhecimento não se forma na costumeira fragmentação das instituições, centradas em disciplinas. Mas, se o professor é formado, em toda sua formação, em disciplinas fragmentadas, como promover essas integrações? Por outro lado, os formadores das universidades pregam a integração, enquanto não conseguem fazer a universidade conversar com as escolas...
- carreira atrativa - nem precisa falar... salário, progressão, condições de trabalho... além disso, temos uma desvalorização social da categoria
- módulos - trabalhar com um grupo fixo de professores é muito mais fácil para planejar junto do que com professores que são alocados em escolas ao gosto dos profissionais da secretaria de educação.
- currículo - o que e como ensinar? como e o que deve acontecer na escola? será que isso é realmente refletido nas escolas?
- insumos para o trabalho - "o material para trabalho, muitas vezes, é jogado para a escola". O desenvolvimento dos materiais didáticos é desenvolvido longe do contexto da escola. O professor não tem formação. Há uma sobrecarga no professor, responsável pela solução dos problemas da sociedade! (...) Mas o que tem sido feito para modificar isso?
Algo semelhante também é descorrido, com uma profundidade muito maior, na obra Professores do brasil: impasses e desafios
Vale a pena ver os vídeos:
quarta-feira, outubro 06, 2010
a colaboração faz coisas surpreendentes!
Participarão do evento convidados que vem desenvolvendo trabalhos interessantes sobre a temática, como Sérgio Amadeu da Silveira, Sérgio Amaral, Alexandre Oliva, Gilberto Monte, Andre Stangl, Cláudio Manoel Duarte, Lúciano Matos, Mário Sartorello, além de Nelson De Luca Pretto, que coordena o evento.
Já estão sendo produzidos e veiculados programas de rádio e tv, que podem ser vistos na página do evento(www.eticahacker.faced.ufba.br), além da TVE, da Rádio Educadora e da RádioFacedWeb. Presencialmente, o evento acontecerá nos dias 18 e 19 de outubro, na Faculdade de Educação da UFBA, mas também será transmitido, reverberando para além do espaço e do tempo do aqui e agora.
Vale a pena conferir!
terça-feira, outubro 05, 2010
posso copiar?
[se estiver com dificuldad em ver, clique na imagem para ir ao site do nerdoson, onde vc vai ver esta e muitas outras tirinhas legais]
sexta-feira, setembro 17, 2010
vamos mudar o mundo!
essa imagem é uma foto de um adesivo grudado na porta de um grupo de pesquisa que eu estava outro dia. Na foto não dá para ver direito, mas embaixo da frase "adoraria mudar o mundo, mas não me deram o código fonte", alguém escreveu o seguinte: "vamos hackear!"
hackerar? ou crackear?
pensemos juntos: o sujeito invadiria os sistemas de código fechado (no caso, o mundo0 para roubar as ideias? então seria um cracker...
mas se o sujeito está incentivando que que os códigos fiquem abertos e que todos se apropriem disso, no sentido de criar esta cultura de disponibilizar e entender o que existe, então está certo mesmo: vamos hackear!
quarta-feira, agosto 18, 2010
compartilhamento de arquivos é mais do que comer de graça
Me parece que, colocada desta forma, a afirmação tira o foco da questão principal.
Será que não precisamos repensar a produção e o compartilhamento de informação e de "produtos" culturais?
E o que isto tem a ver com a educação? Tudo! Desejo muito que todos tenham acesso às formas de produção, se apropriem das informações e lhes seja possibilitado que se expressem de forma crítica a todos, passando pelo livre diálogo e pelo compartilhamento de arquivos.
Sim, existem muitas questões trabalhistas e de diversas outras esferas envolvidas, mas que também estão envolvidas em outras situações que passam muito longe desta seara. A questão não é esta.
Também nunca vou afirmar que uma pessoa ou indústria não deve ser remunerada pelo que faz. Esta também não é a questão.
Igualmente, compartilho a indignação com o roubo da autoria. Mas também não é esta a questão, afinal, o copyright, na maioria das vezes, protege o direito de vários outros antes do próprio autor.
A questão é que precisamos discutir melhor as formas de produção, a propriedade intelectual, o compartilhamento de arquivos e o acesso a estes. Isto é questão de cultura [de política pública, de educação, de direito, de ações de mercado...]! Desejo que todos tenham acesso à grande mídia, mas não só a ela, nem que tomem ela como centro de informação inquestionável. O centro não tem como controlar a força dos compartilhadores! Compartilhamento de arquivos é mais do que um filminho legal de graça: este deve ser um direito de todos, um passo para a apropriação crítica e para a construção de uma sociedade mais justa, pautada nos interesses de todos, não apenas dos donos de grandes corporações que querem que todos acreditem que suas ações inescrupulosas são como "forças da natureza"(talvez como menção às leis de Darwin...)
O Baixa Cultura tem instigado questões como estas. Ali, vale a pena procurar o documentário "Roube este filme" (clicando na imagem abaixo tb vai p lá)
sábado, junho 26, 2010
conteúdos digitais: acesso ou processos criativos?
Digo que esta afirmação me desaponta, mas não me espanta, levando em consideração o notório quadro referencial de onde o palestrante fala, colocando a escola como "indústria escolar, mas que agora não é mais indústria, é prestadora de serviços", e o aluno como "cliente". Outros conceitos também se fazem bem marcados em sua fala, e, neste contexto, eu até vejo de forma interessante os conteúdos como "facilitadores"(sic) do acesso à informação, afinal, esta é, inegavelmente, uma das partes de um processo. Porém, há um processo muito mais complexo, em que o digital possibilita muitos outros processos criativos , com todo o seu potencial para a edição, autoria e colaboração.
segunda-feira, maio 31, 2010
Educação do campo - biblioteca virtual
Educação do campo - biblioteca virtual
Biblioteca organizada pelo professor ELIAS CANUTO BRANDÃO, para contribuir com pesquisas sobre EDUCAÇÃO DO CAMPO: assentamentos, escolas itinerantes, povos da floresta, quilombolas, faxinalenses, indígenas, escolas rurais, seringueiros...
Peninha, mas acompanhar é difícil, pois as entradas novas são integradas no texto antigo... as referências são organizadas em ordem alfabética, em uma únca postada, atualizada a cada vez que o autor encontra uma referência nova, quando a insere entre as antigas... hum, fiquei pensando o que poderia ser usado para melhorar isso...
buscar também poderia ser facilitado se fossem usadas tags
para os que estão na academia, seria interessante ter mais elementos da referência (como o local e editora de publicação, ou evento, e ano)
mas a lista é muito interessante!
vale a pena dar uma olhadinha e contribuir!
terça-feira, maio 25, 2010
divulgando - redes sociais na internet, com Marcelo Branco
O evento será no Pavilhão de aulas da Federação, PAF 3(UFBA), nesta quinta-feira, 26 de maio, às 09 horas
Twitter de Marcelo Branco: http://twitter. com/marcelobranco
Blog do Marcelo Branco: http://softwarelivr e.org/branco
O que: Mesa Redonda com Marcelo Branco sobre Redes Sociais na Internet
Quando: Quarta-Feira, dia 26 de Maio.
Onde: Auditório do PAF 3
Que Horas: 9h
segunda-feira, maio 24, 2010
por que "por uma educação do campo"?
(por uma - pq, mesmo sendo direito de todos, é necessário lutar por;
por uma - não é qualquer uma, mas uma em específico
educação - sim, educação, não somente ensino ou escola
educação básica - desde os pequeninos, mas não só para eles
do campo - e não no campo ou para o campo
campo - que seja pensada para que realmente contemple o que este espaço precisa)
e como isso tudo se relaciona com as tecnologias...
De maneira geral, o programa traz debates sobre aspectos da Educação do Campo e relações com as tecnologias contemporâneas, sendo que a cada semana são eleitos temas específicos.
É ao vivo, então todos podem ouvir na hora.
É web, então todos podem ouvir e interagir de onde estiverem.
É podcast, então todos podem ouvir na hora que puderem.
Esta é uma ação que dá continuidade a projetos como a Licenciatura em Educação do Campo e o Pólo de Referência em Pesquisa e Formação em Educação do Campo.
Postagens relacionadas:
tecnologias e educação do campo
Do MEB à WEB: o rádio na educação
Para ver a sinopse do livro e saber mais detalhes sobre o que vai acontecer, visite Educações - o blog do Grupo de Pesquisa em Educação, Comunicação e Tecnologias.
Não deixe de conferir a programação na RádioFacedWeb.
E o evento também está repercutindo em vários locais (clique na imagem e navegue pelos blogs):
quarta-feira, maio 05, 2010
para pensar as relações das tecnologias e a educação do campo
Pensar a educação do campo tem sido um grade desafio para educadores e educadoras brasileiras. Talvez este movimento se diferencie de muitos outros na educação, justamente por estar sendo pensado PELAS pessoas do campo, profissionais da educação e tantas outras pessoas interessadas em um campo mais justo e com condições para que as pessoas ali vivam e trabalhem, e não pensada apenas por burocratas e acadêmicos que nunca passaram pelo campo ou sequer sabem de suas demandas. Por sinal, demandas não faltam neste contexto. É um quadro problemático construído ao longo de décadas, em que a desigualdade (no seu sentido mais cruel) foi extremamente agravada pelo esquecimento (intensional?) dos órgãos governamentais, sendo alimentado por certos setores da sociedade, para os quais é mais vantajoso em sua faceta mais desassistida.
Enquanto que acreditamos que as tecnologias são parte inextricável da educação, suas premissas mais básicas não fazem parte deste contexto.
Desde 2008 vimos acompanhando o curso de Licenciatura em Educação do Campo, da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia, o que nos descortinou este contexto bastante diferente (nem sempre melhor ou pior, mas diferente) das zonas mais urbanizadas: são professores (em sua maioria) com uma formação bastante deficiária, escolas super precárias, políticas públicas inadequadas e insuficientes, condições de infraestrutura sem recursos básicos como água ou luz, agravado por uma condição social desigual, onde grandes proprietários de terra concentram o poder e contratam, em condições questináveis, trabalhadores sem qualquer assistência, dos quais a renda mais fixa é aquela que vem de auxílios como o Bolsa Família.
Em um contexto em que falta tanta coisa, faz sentido construir uma formação tecnológica com os professores que estão sendo formados para atuarem neste contexto? Acreditamos que sim, mas numa concepção bem diferente de tantos “cursinhos” que vemos por aí.
Para entendermos um pouco melhor este contexto, e para pensarmos com coerência a formação tecnológica ali, fomos atrás de referências que nos ajudassem a entender tal quadro. Foi quando encontramos o livro “Por uma educação do campo “* e constituímos um grupo de estudos.
Deste dia em diante, nos comprometemos a, periodicamente, disponibilizar algumas notas das leituras e discussões, para que estas não se restrinjam somente a um contexto acadêmico tão pontual, e que suscitem o diálogo entre diferentes sujeitos comprometidos com esta problemática.
Este livro é uma produção que registra e demarca parte do movimento de luta por uma educação específica, que atenda às necessidades deste contexto, então denominada Educação DO Campo. É escrito por pessoas que tem participado, ao longo dos anos, dos mais importantes movimentos sociais do campo em luta por esta educação, trazendo o registro de parte deste movimento. O livro começa trazendo alguns elementos que caracterizam o contexto do campo, seguindo para documentos de eventos e diretrizes construídas ao longo desta caminhada.
Logo na apresentação, escrita pelos organizadores do livro, são apresentados alguns elementos que marcam o nascimento de um projeto de educação do campo, protagonizado pelos trabalhadores e trabalhadoras do campo e suas organizações sociais. É um testemunho de uma história de lutas pelo direito à educação, específica do campo, pelos sujeitos do campo, com seus saberes, valores, culturas e identidades.
“Onde e em que processos formadores constroem seus saberes e conhecimentos, seus valores, cultura e identidade? Esta pergunta vem sendo feita nas escolas do campo pelas educadoras, pelos educadores.”(p. 07)
O coletivo do campo tem uma história rica que merece ser registrada e contada. Os textos do livro em questão recontam parte destas histórias, sendo que alguns pontos lhes são marcantes:
- O silenciamento.
“Somente 2% das pesquisas dizem respeito a questões do campo, não chegando a 1% as que tratam especificamente da educação escolar no meio rural. [...] O rual teria perdido consistência histórica e social? opovo do campo seria uma espécie em extinção? O fim do rural, uma consequência inevitável da modernização? A escola do campo teria que ser apenas um remedo da escola da cidade?” (p. 08)
Os questionamentos lançados nos são particularmente instigantes. A história à qual os autores se referem, passa por vários períodos, cuja análise nos leva a entender a atual distribuição de terras, o movimento das pessoas do campo para o trabalho nas fábricas, a corrida pela mecanização dos processos produtivos dos alimentos, o predomínio das políticas públicas para as zonas mais urbanizadas em detrimento do campo, e, por fim, a escola do jeito como é hoje constituída no campo.
Neste contexto, as tecnologias tem um papel fundamental** . Mas seria o desenvolvimento tecnológico um “vilão da história”? Ou é uma certa concepção de desenvolvimento tecnológico que faz parte de um projeto de sociedade?
E hoje, as tecnologias podem contribuir na caminhada por um contexto mais justo, em que os próprios sujeitos do campo constróem e mostram a sua história?
- O clamor da terra
“o silenciamento e esquecimento não tem mais sentido, e se torna urgente ouvir e entnder a dinâmica social, cultural e educativa dos diferentes grupos que formam o povo do campo. Este movimenteo pretende instigar mais pesquisas [...] e sobretudo lutar por maior atenção dos governos [...] para seu dever de garantir o direito à educação para milhões de crianças e adolescentes, de jovens e adultos que trabalham e vivem do campo” (p. 09) [grifo nosso]
- Direitos usurpados, negados
Os autores destacam que, mais do que um esquecimento, existe uma “negação” dos diretos das pessoas do campo. Por exemplo, apesar da educação para todos ser um direito assegurado pela Constituição Brasileira, reafirmado pela Lei de Diretrizes e Bases, além de tantas outras, o campo ainda amarga tristes marcas de analfabetismo, evasão, defasagem idade-série, repetência, currículos inadequados e professores com problemas de titulação e os piores salários. Os próprios autores apontam para uma causa deste contexto:
“A escola no meio rural passou a ser tratada como resíduo do sistema educacional brasileiro e, consequentemente, à população do campo foi negado o acesso aos avanços havidos nas duas últimas décadas no reconhecimento e garantia do direito à educação básica” (p. 10)
- A Educação do Campo nasce de outro olhar sobre o campo
Por muito tempo prevaleceu, em diversos setores da sociedade, a ideia de que o campo se apresentava como um lugar atrasado, inferiror, arcaico, projetando o espaço urbano como único caminho para o desenvolvimento. Porém
“a Educação do Campo nasce sobretudo de um outro olhar sobre o papel do campo em um projeto de desenvolvimento e sobre os diferentes sujeitos do campo. Um olhar que projeta o campo como espaço de democratização da sociedade brasileira e de inclusão social, e que projeta seus sujeitos como sujeitos de história e de direitos; como sujeitos coletivos de sua formação encquanto sujeitos sociais, culturais, éticos, políticos. A questão nuclear para as pesquisas e políticas educativas será reconhecer esse protagonismo político e cultural, formador, que está se dando especialmente nos movimentos sociais do campo.” (p. 12) [grifo nosso]
Neste ponto convergimos para os objetivos da formação tecnológica: formar sujeitos autores, protagonistas, que se constróem no diálogo com os conhecimentos já construídos pela ciência (antes acessíveis apenas para os sujeitos próximos aos centros urbanos, inseridos em esferas privilegiadas) e com os saberes locais, que constróem suas soluções no diálogo com outros sujeitos formando redes, que dão visibilidade aos seus problemas, que não se contentam com soluções prontas, que se apropriam das informações para uma vida efetivamente melhor e se colocam como sujeitos autores de ciência e tecnologia. Talvez este seja um dos sentidos mais próprios da palavra “protagonista”.
- Direito à escolarização ressignificado
A concepção de Educação do Campo (que não cabe só na escola) toma a função social e cultural da escola enriquecida na media em que se articula organicamente com a dinâmica social e cultural do campo e de seus movimentos:
“Só há sentido em se discutir uma proposta educacional específica para as necessidades dos trabalhadores do campo se houver um projeto novo de desenvolvimento para o campo, que seja parte de um projeto nacional” (p. 13)
“Consequentemente, exige uma educação que prepare o povo do campo para ser sujeito desta construção. Uma educação que garanta o dieito ao conhecimento, à ciência e à tecnologia socialmente produzidas e acumuladas. Mas também que contribua na construção e afirmação dos valores e da culstura, das auto-imagens e identidades da diversidade que compõe hoje o povo brasileiro do campo” (p. 14) [grifo nosso]
Neste ponto torna-se inegável o potencial das tecnologias, não como meros aparatos técnicos para deixar a escola mais bonita ou atraente (não que isto também não seja importante, mas não é o principal), mas como elemento transformador da escola e, principalmente, da sociedade, porque a escola não se faz se não pelos fluxos para além dos seus portões. Neste sentido, consideramos os sujeitos como protagonistas, autores, formadores e trasnformadores.
- em defesa de Políticas Públicas de Educação do Campo
“No vazio e na ausência dos governos os próprios movimentos tentam ocupar esses espaços, mas cada vez mais crese a consciência do direito e a luta pela Educação do Campo como política pública. Uma política pública que parta dos diferentes sujeitos do campo, do seu contexto, sua cultura e seus valores, sua maneira de ver e de se relacionar com o tempo, a terra, com o meio ambiente, seus modos de organizar a família, o trabalho, seus modos de ser mulher, homem, criança, adolescente, jovem, adulto ou idoso; de seus modos de ser e de se formar como humanos.” (p. 14-15)
Ou seja, o campo como contexto específico, diferente dos outros contextos, com sujeitos capazes de analisar criticamente a sua condição de buscar condições melhores juntos aos setores com responsabilidades para tal. De maneira geral, é o que se espera da educação não só neste contexto, mas que ali se faz mais urgente e notório. Assim como também se torna notória a insuficiência da visão instrumental da tecnologia.
Nas próximas semanas traremos aqui outros elementos destas leituras, aprofundando as relações entre a educação do campo e as tecnologias.
Como parte deste projeto de aproximação, apropriação e diálogo, continuaremos fazendo a leitura destes textos para além do grupo que iniciou esta dinâmica. Para isso, nesta quinta-feira, dia 29 de abril, daremos início a uma nova etapa do grupo de estudos. Ele foi transformado em um programa de rádio, que irá ao ar todas as quintas-feiras, das 13:30 às 14:30, ao vivo (e também disponibilizado em poadcast), em que qualquer sujeito possa, além de ouvir, interagir.
Para participar, acesse o site da RádioFaced: www.radio.faced.ufba.br
Texto escrito e postado por Adriane, a partir do grupo de estudos Tecnologias e Educação do Campo, composto por Adriane Halmann, Bruno Gonsalves, Luciana Oliveira, Marildes Caldeira, Tania Torres e Washington Oliveira.
* ARROYO, Miguel González; CALDART, Roseli Salete; MOLINA, Mônica Castagna. Por uma educação do campo. 3. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.
** Os autores não abordam especificamente as relações com as tecnologias. Estas relações são postas neste texto a partir de discussões do grupo de estudos.
este post também está publicado no blog do grupo de pesquisa: educações
sábado, maio 01, 2010
tecnologias e educação do campo
Em continuidade a projetos como a Licenciatura em Educação do Campo e o Pólo de Referência em Pesquisa e Formação em Educação do Campo, temos o prazer de anunciar que estamos com um programa de rádio (web, claro! livre, claro!) semanal, do qual todos estão convidados e convidadas a participar.
A cada semana serão discutidos textos e assuntos sobre a educação do campo, buscando compreender suas relações com as tecnologias.
É ao vivo, então todos podem ouvir na hora.
É web, então todos podem ouvir de onde estiverem.
É podcast, então todos podem ouvir na hora que puderem
Aos que puderem ouvir na hora, também podem participar: tem o chat e, se quiser participar com voz, nos procure pelo skype.
Depois também nos comprometemos a publicar uma postagem no blog Educações, do grupo de pesquisa, onde vocês já podem conferir postagens relacionadas.
Sejam bem vindos todos dispostos e interessados a participar de mais esta empreitada!
acesse: http://www.radio.faced.ufba.br/
segunda-feira, março 08, 2010
Entrevista com Camila Santana sobre redes sociais da internet e educação
Entrevista com Camila Santana sobre redes sociais da internet e educação
quarta-feira, fevereiro 24, 2010
Gostosa e promíscua
Karl MacDorman, da Universidade de Indiana, fez o seguinte experimento com seus alunos de medicina: eles deveriam atender uma paciente virtual, que, durante a consulta lhes pedia que não contassem ao seu marido que ela havia contraído herpes genital. Com isso MacDorman pretendia que os estudantes considerassem questões como confidencialidade médico-paciente e não obter uma resposta certa ou errada.
A paciente foi representada de quatro formas:
- a imagem de uma atriz sobre um fundo "virtual", com movimentos suaves
- a imagem de uma atriz sobre um fundo "virtual", com movimentos bruscos
- um avatar digital desenhado com o fundo "virtual", com movimentos suaves
- um avatar digital desenhado com o fundo "virtual", com movimentos bruscos
As estudantes mulheres foram mais simpáticas à paciente, representada de qualquer uma das formas. Já os estudantes homens, em sua maioria, atenderam com muito mais empatia as duas primeiras formas. A explicação para o fenômeno, pelo próprio autor do estudo, me parece meio machista, mas pode ser plausível: "as diferentes respostas dos voluntários poderia sugerir que os homens mostraram mais empatia pelas personagens que eles vêem como potenciais parceiras". É provável que eles tenham desenvolvido um reconhecimento maior com a paciente com formas mais familiares. Mas e porque isto não aconteceu também com as estudantes mulheres?
Porém, Jesse Fox, uma pesquisadora de interações humano-computador, pontua que tal reação pode também ter sido desencadeada pelas formas mais sexualizadas da avatar, como os seios grandes e a barriga de fora. Os homens a teriam visto como gostosa e [por isso] promíscua e desonesta?
O artigo completo pode ser acessado em:
Gender Differences in the Impact of Presentational Factors in Human Character
Animation on Decisions in Ethical Dilemmas
E um comentário sobre ele pode ser visto em
A aparência importa, mesmo no mundo virtual
quinta-feira, fevereiro 18, 2010
Distribuição geográfica dos alunos da Licenciatura em Educação do Campo-UFBA
*número de alunos em cada cidade.
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quarta-feira, fevereiro 17, 2010
divulguando - VI Seminário Jogos eletrônicos: narrativas, aprendizagem e desenvolvimento – construindo novas trilhas
VI Seminário
Jogos eletrônicos: narrativas, aprendizagem e desenvolvimento – construindo novas trilhas
Período: 06 e 07/05/10
Local: UNEB - Salvador
Cronograma
Data máxima para encaminhamento dos Trabalhos: 15/03/10.
Notificação de aceitação: A partir de 16/04/10