sábado, abril 22, 2006

Em todo lugar existem coisas que não podemos ver

"Fui uma criança que desde que descobriu a leitura e os livros, lia tudo que enconrava pela frente: de rótulos de enlatados até enciclopédias e dicionários. Aprendi muitas coisas nos livros, algumas que só vim a compreender mais tarde, mas que povoaram o meu imaginário durante anos. A vida microscópica, foi um destes assombros. Depois que descobri que em todo lugar, inclusive na minha pele, havia milhões de coisas que meus olhos não podeiam ver, mas que, sob o microscópio se moviam, cresciam, multiplicavam-se, passei a olhar o mundo de forma diferente. Imaginava que todo o ser na terra se movia aniquilando pequenas criaturas a cada passo e que, assim como não víamos a coisas muito pequenas, talvez não víssemos as muito grandes, também. Pensava que, possivelmente, os terremotos pudessem ser explicados pelas passadas de algum gigante decuidado. Outra fantasia poderosa era a de que a Terra toda pudesse ser uma partícula em órbita num átomo qualquer de alguém imensamente grande. Mundos dentro de mundos que nossos sentidos humanos não poderiam captar." (pp41-42)

Este fragmento da dissertação de Suzana nos mostra que existem muitas coisas que não vemos, todas as coisas que vemos são um fragmento de partes maiores (que nem sempre temos noção de o que mais faz parte deste todo) e que contem muitas partes menores (que quase sempre ignoramos). Mais adiante ela fala que um ponto de vista é apenas a vista de um ponto.
Incrível isso! des da hora que notamos que não funcionaria uma pessoa guardar em sua memória todo o conhecimento de um grupo, que se fez necessária a escrita, que vários escritos foram se acumulando e que, mais tarde, isto foi viando um imenso hipertexto (potencializado pelas tics, mas não somente por elas), nesta hora nos damos conta de o que sabemos são apenas algumas faces das múltipas faces do conhecimento, que se organiza em uma teia cada vez mais diâmica de relações, um verdadeiro simulacro.
Neste ponto, em que as tecnologias novas surgem como um fluxo de tecnologias já existentes, onde a codificação digital facilita e acelera a produção e memória de conhecimento, vemos que elas também auxiliam para interconectar saberes, mídias e pessoas. Chamo a atenção para este último: se nos sabemos incompletos, inconclusos, se faz necessário que busquemos complementações em outros espaços, buscando novos saberes, relacionando-nos com outras pessoas. Dispostos a complementar e a mudar os saberes, a discutir, mostrar, refazer.

Me parece que é mais ou menos isso que acontece quando um professor cria um blog...


GUTIERREZ, Suzana. Mapeando caminhos de autoria e autonomia: a inserção das tecnologias educacionais informatizadas no trabalho de educadores que coperam em comunidades de pesquisadores. Dissertação. Universidade Federal do Rio Grande do Sul: Porto Alegre, 2004.

Um comentário:

Anônimo disse...

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