“A PASSAGEM DA “SOCIEDADE DO CONHECIMENTO” PARA UMA “SOCIEDADE DE CONHECEDORES” VAI ACONTECER NA HORA EM QUE AS ESCOLAS DEIXAREM DE ERIGIR MUROS E COMEÇAREM A ABRIR JANELAS.“
(tradução de Jarbas)
A escola, aquela com muros e grades, modelos rigidamente estabelecidos, de fato, não contribui para o senso criativo, para a vontade de conhecer o mundo que vai além de seus muros.
Nesta semana eu estava relendo um texto do Coletivo NTC (grupo de Marcondes Filho), "o ser enquanto modo de existir ou modo de estar" e "movimento de cristalização do ser", do livro Pensar Pulsar. Ali pude relembrar que o homem, no seu estar-no-mundo, não é o centro, nem tampouco consegue fixar centralidades, pois é um dos tantos componentes em interação com uma vasta rede de determinações e relativizações, uma categoria móvel, flexível, oscilante, liberto de essencialismos (pp27). As certezas e os modelos seriam então formalizações, consolidações, cristalizações... que impedem as constantes oscilações e transformações do ser.
Dessa forma
A cristalização é um momento de morte do ser enquanto modo de existir; é o fim das pulsações, o derradeiro ponto de parada do motor que alimenta este próprio modo de existir. Não se nega que daí para frente esse corpo morto continue a se transformar, se decompondo, se transformando, tornando-se outra matéria. Essas mudanças, contudo, não partem de um movimento interndo do ser, que define sua própria existência, mas por ação de agentes outros, num processo de mudança por decomposição, no qual o estado de existir não é mais nucleado por um pulsar orgânico originário e organizador de si mesmo. (pp 29)
Se pensarmos dessa forma, à escola cristalizada só resta decompor-se... Mas quem sabe, depois de decompor-se (quebrar suas partículas em estruturas menores e não tão rígidas), surja novamente a vida necessária para quebrar seus muros e abrir janelas, portas, brechas... ou, quem sabe, articular-se mais organicamente com a sociedade como um todo, com todos os seus espaços (todos de ensino e aprendizagem).
Claro que este é meu olhar sobre esta instituição, mesclada com a lente de uma leitura.
Reconhecer que o objeto de observação é tal em função das própria práticas de observação é um grande passo em direção à dissolução de entidades estáveis, em direção a uma relativização que coloca o modo de estar como fundamento determinante.
Ou seja, eu, enquanto modo de estar, também estou em constante reconstrução, assim como transformo (ou contribuo com sua formação tal como está) todas as estruturas por onde transito (inclusive a escola). O olhar, representado pela escrita de sensações (simulação de uma realidade?), seria então uma pequena cristalização, uma consolidação provisória e, enquanto questionar as estruturas, estará em suspensão.
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